Dr. Joguimar Moreira dos Santos

Ginecologista, obstetra, lato sensu em sexualidade humana e mestrado em sexologia clínica CRM 52 23623-2 Formado pela FMC

Dr. Joguimar Moreira dos Santos

Ginecologista, obstetra, lato sensu em sexualidade humana e mestrado em sexologia clínica CRM 52 23623-2 Formado pela FMC

Ser feliz é fazer da vida uma grande aventura. Li e não me lembro de onde. Todo mundo quer ser feliz, logo, esta frase soa como um achado interessante, uma espécie de código decifrado extremamente auspicioso; mas o que é fazer da vida uma grande aventura?

Segundo o Aurélio, aventura é “um empreendimento ou experiência arriscada, perigosa, incomum, cujo fim ou decorrências são incertas. Acontecimento imprevisto, surpreendente; peripécia. Ligação amorosa, em geral, passageira e inconsequente. Acaso, sorte, fortuna”.

Sabemos que em toda sua trajetória evolucionista, o homem sempre procurou a felicidade. Viveu em sociedades promíscuas, criou a união de pares, formou famílias, sociedades ricas e miseráveis, liberais e tiranas, mas sempre buscando a melhor maneira de viver em grupos sociais. A lógica da vida é ser feliz, ninguém quer ser um sofredor. Mesmo que esta afirmativa seja verdadeira, não quer dizer que todos procuram a felicidade normalmente, cada um tem a sua maneira de buscar, de achá-la ou não.

A verdade é que ninguém consegue ser feliz sendo absolutamente lógico, e um certo grau de idiotice é necessário, no mundo atual. Recebemos diariamente uma carga extremamente negativa dos meios de comunicação. Todos os miseráveis acontecimentos do país e do mundo são concentrados nos jornais da TV. Há uma preferência nítida da mídia pelas tragédias, e isto nos entristece. A pessoa antenada, se humana e solidária, torna-se um pote de tristezas adquiridas e concentradas que a infelicita. O homem que ignora os acontecimentos e é simplista na sua visão de vida, tem mais chance a ser feliz.

Observo, no entanto, que filósofos e escritores consideram a felicidade algo atingível com certa facilidade, ou seja, é simples ser feliz. Voltaire escreveu que “os homens que procuram a felicidade são como os embriagados que não conseguem encontrar a própria casa, apesar de saberem que as têm”. Já ouvi bêbado dizer que bebe para esquecer as amarguras e para ser feliz por alguns momentos. Guimarães Rosa disse que a felicidade se acha em horinha de descuido. Quintana aconselhou: Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça de que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber a sua simplicidade.

De tudo o que se lê e ouve, conclui-se que a felicidade é possível se compreendermos que ela mora em nossa cabeça, assim como mora a tristeza e elas podem ser ativadas ou inativadas a qualquer momento por fatos que ocorrem à nossa volta e sejam percebidos pelos nossos sentidos. Cada cabeça uma sentença. Dependerá, então, da formação cultural, da natureza humana, da idade e principalmente, da espiritualidade de cada um.

As crianças, geralmente, são mais felizes do que os adultos. São menos lógicas, menos formais e mais encantadas. Dormem por necessidade e não por gosto, porque acordadas são mais felizes. Observo, no entanto, que a mídia e os adultos as estão transformando em pessoinhas consumistas e ansiosas. Os adultos lutam para dormir, porque não aguentam o pensamento repetitivo das possibilidades lógicas. O sono representa uma fuga temporal das suas preocupações, muitas vezes, com os filhos e netos que dormem serenamente. No adulto idoso, com exceções, a coisa tende a melhorar para a felicidade, com a perda gradual da lucidez. Ocorre certa infantilização em muitos atos. Carlos Drummond de Andrade disse que: “Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons”. Há felicidade de vários níveis e duração, mas, para sempre, só nos contos de fadas.

Concluímos de tudo que foi dito ou que se deixou de dizer, que as pessoas espiritualizadas sofrem menos e são mais felizes. Estes acreditam na ressurreição, na doação, na resignação, no amor divino e no perdão, assim, tudo fica mais fácil para a felicidade, pois ela não entra em porta fechada.

Desta forma, não há necessidade de fazer da vida uma grande aventura, um empreendimento arriscado demais, uma peripécia. A felicidade pode não estar tão longe assim. Veja estes versos de Mário Quintana:

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,

Procede tal e qual o avozinho infeliz,

Em vão, por toda parte, os óculos procura

Tendo-os na ponta do nariz!

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