Para iniciarmos nosso raciocínio, vamos recorrer a um conceito simples e muito útil para entendermos como os recursos empregados para melhorar os cultivos e criações de rebanhos, vão de encontro às características primitivas da natureza ancestral desses seres vivos.
É certo que estratégias engenhosas devem ser empregadas visando o aumento numérico dos alimentos produzidos, para conseguirmos satisfazer a necessidade da demanda de alimentação da crescente população.
Esse conceito é a seleção natural, que é a capacidade de adaptação de cada ser vivo em condições naturais não controladas pelo efeito do homem.
De forma geral, na natureza, os seres vivos precisam ser resistentes a diversos fatores desfavoráveis, provocando essa pressão de seleção, onde os mais adaptáveis as condições adversas têm uma tendência de resistir, se reproduzir e transmitir genes com resistência para seus descendentes, sucumbindo aqueles que não compartilharam essa genética rústica.
O contrário acontece com o avanço da medicina, por exemplo, que trata indivíduos como nós com recursos medicinais, dando a oportunidade de indivíduos com genética vulnerável estarem reproduzindo e transmitindo problemas genéticos como várias doenças conhecidas.
Na natureza, esses indivíduos seriam naturalmente eliminados por essa seleção espontânea e dificilmente dariam origem a outros indivíduos com a mesma deficiência.
Não estamos de forma alguma culpando ou criticando a evolução da medicina que salva vidas de pessoas das quais estimamos e as nossas próprias vidas também, nos dando a oportunidade de vivermos apesar de algumas fraquezas.
O que não podemos negar é quanto maior o avanço dos recursos medicinais, mais vamos perdendo resistência aos fatores desfavoráveis, ao mesmo tempo que transmitindo cada vez mais, genes indesejáveis do ponto de vista da imunidade contra problemas de saúde como: alergias, diabetes, câncer, hipertensão e tantas outras desvantagens repassadas geneticamente. Do ponto de vista da “rusticidade”, estamos sofrendo uma erosão da nossa resistência a cada geração, o que vai de encontro ao conceito da seleção natural, não nos esquecendo de adicionar o problema dos alimentos sintéticos e seus aditivos que tanto prejudicam nosso metabolismo e vem sendo cada vez mais consumidos, além dos agrotóxicos cada vez mais necessários face ao descontrole ambiental.
Se observarmos bem, não restam dúvidas que as características dos alimentos produzidos pela agricultura e pecuária, vêm se aperfeiçoando ao longo do tempo para satisfazer e agradar cada vez mais o gosto do consumidor final.
Existe um ramo da engenharia agronômica responsável por isso. Os pesquisadores chamados de geneticistas, trabalham com empenho e dedicação para realizar cruzamentos específicos e melhoras na aparência, sabor, coloração, tamanho e rendimento de produção, recorrendo a espécies mais primitivas em busca de “rusticidade” e aos genes de plantas e animais mais específicos para a melhoria dessas características que atraem o consumo, a exemplo de frutas sem sementes, maior teor de frutose, ou concentração de nutrientes, aumento de rendimento de carne em criações entre outros exemplos.
Essas estratégias da engenharia genética, ao mesmo tempo que sempre recorrem a um ancestral mais rústicos, tenta buscar um equilíbrio com os genes dedicados a melhoria da produção; o que gera indivíduos com menor resistência que antes, porém mais produtivos.
O que devemos entender por fim, é que a cada geração de novas variedades de plantas ou raças de animais; maiores devem ser os cuidados específicos, pois se cultivados ou criados de forma rústica, não terão a capacidade de produzis como se espera gerando perdas e frustrações de produtividade.