As lesões verrucosas genitais ou condiloma acuminado (HPV), na sua grande maioria tem origem viral e são de transmissão sexual.
Apresentação clínica variadas, podendo ser planas, papilomatosas, isoladas ou com múltiplas lesões. A coloração exibe um tom avermelhado ou esbranquiçado e de crescimento rápido. Deve se fazer o diagnóstico diferencial de lesões não virais como:
* Nevos verrucosos;
* Molusco contagioso;
* Queratose seborreica;
* Ou lesões neoplasias quando apresentar como lesões escuras e de crescimento rápida.
O diagnóstico é clínico e confirmado com a biópsia da lesão (histopatológico). O uso de magnificação e do ácido acético melhoram a acurácia do exame clínico. A existência de múltiplas lesões em meio a algumas lesões verrucosas indica a necessidade de um agente tópico após o tratamento das lesões mais volumosas. Lesões pequenas não tratadas, porém, evolui para verrugas maiores ou servirem de fontes para nova infecção no local (princípio de autorreinfecção). Nesses casos, informar ao paciente que o tratamento pode necessitar de mais sessões.
Os tratamentos físicos são os métodos mais utilizados para a ablação das verrugas genitais: cauterização elétrica, crioterapia com nitrogênio líquido e a laser de co2. Geralmente, esses procedimentos são realizados em caráter ambulatorial.
A cauterização química pode ser realizada com solução de podofilotoxina de 5 a 10%. A orientação é usar em períodos curtos de tempo em dias alternados, conforme orientação e controle do especialista.
A podofilotoxina é mais estável e efetiva que a antiga podofilina. Porém ambas são tóxicas e podem haver reabsorção vaginal se o parceiro estiver sendo tratado. Na mulher, a toxicidade é bastante evidente e perigosa diante de possível gravidez.
Os outras são: o ATA (Acido Tricloroacético 70 a 90%) ou 5 Fluouracil (5 FU), sendo este mais útil nas lesões uretrais que, geralmente, restringe ao assoalho da fossa navicular junto ao meato uretral.
O ATA deve ser aplicado de forma cautelosa orientado pelo especialista, pois é dolorosa e tem risco de lesões em tecidos sadios. Mais indicado em lesões de pequeno número ou únicas.
O 5 FU pode ser utilizado em lesões mais extensas ou múltiplas e seu efeito corrosivo associado ao bloqueio da mitose celular pode ser controlado pela exposição limitado do agente 1 por 2 horas por dia, em dias alternados. Não deve insistir diante da irritação no local. A interrupção do tratamento por 7 a 10 dias não invalida os ganhos com a medicação que pode depois de melhora local com higiene e creme em gerais, ser retomada. A proteção escrotal é fundamental. Na uretra, a instilação com seringa ou cotonete deve respeitar o período de tempo curto, ao redor de 1 hora a 30 minutos diários, seguidos de lavagem do medicamento e micção.
Na terapia tópica, isolada ou mais frequentemente complementar, também se pode utilizar o imunomodulador (imiquimode) que facilita o reconhecimento do HPV pelo sistema imune. O imiquimode, na forma de creme em blister de dose individual, é utilizado por 8 semanas com aplicações 3 vezes na semana. Em mucosas úmidas deve-se iniciar com 2 a 3 horas cada aplicação e conforme a sensibilidade e tolerância estender para o uso durante a noite toda. Os efeitos sistêmicos (“flu like”) também podem ocorrer e são contornados com o uso de sintomáticos (AINEs, analgésicos etc.).
A vacina quadrivalente ou tetravalente da MSD tem indicação crescente no mundo inteiro. Na bula tem a indicação em homens dos 9 aos 26 anos. O uso acima dessa idade e “offlabel” e publicações bastante recentes tem mostrado vantagens inclusive em pacientes que já tiveram HPV, na diminuição das reinfecções. A circuncisão também deve sempre, se proposta, após o tratamento inicial.
Dr. Francis Khouri