Dr. Walid Khenaifes

Urologista
CRM 52 24727-6
Formado pela FMC

Dr. Walid Khenaifes

Urologista
CRM 52 24727-6
Formado pela FMC

A infecção do trato urinário é uma das principais na prática médica, atrás apenas das infecções respiratórias, seja na comunidade, ou no ambiente hospitalar. Estima-se que existam 150 milhões de casos por ano, no mundo, e as internações realizadas geram um custo de bilhões de dólares. Entretanto, prevalecem em três grupos: crianças até os seis anos, mulheres jovens com vida sexual ativa e na população acima dos sessenta anos de idade.

A infecção urinária define-se pela presença de micro-organismos no trato urinário (rins, sistema coletor, bexiga, próstata e uretra), em geral, provocada por bactérias, mas, vírus e fungos também podem ser agentes etiopatogênicos. Em mulheres pré e pós-menopausa, a cistite recorrente tem grande importância no aspecto das infecções urinárias em geral, sendo motivo de preocupação, ao promover limitação laboral e sexual no dia a dia dessas pacientes.

O acesso dos micro-organismos ao trato urinário se dá pela via ascendente, ocorrendo a colonização uretral que ascende até a bexiga, podendo chegar aos ureteres, pelve renal e parênquima. A atenção a esse quadro se deve pela dificuldade em oferecer uma prevenção de caráter definitivo para cistite recorrente, e também, pelo incompleto conhecimento de tópicos como: fatores desencadeantes, aderência bacteriana, microbiológica e imunidade envolvidas.

A urina normalmente é estéril, pela presença de mecanismos de defesa do trato urinário, evitando a invasão bacteriana. As infecções surgem do desequilíbrio entre virulência bacteriana e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Quase todos os micro-organismos que infectam o trato urinário derivam da flora intestinal. A escherichia coli, uma bactéria gram negativa, responde por cerca de 85% dos casos.

Na prática clínica, a cistite recorrente deve ter seu diagnóstico baseado nos sintomas e cultura positiva, porém, na maioria das vezes é realizado sem a urinocultura. Se caracteriza como processo inflamatório/irritativo ou infeccioso da bexiga. Sem infecção, ela pode ter várias causas como: produtos químicos, medicamentos, doenças alérgicas, parasitárias, imunológicas e irradiação. Aqui o foco é a cistite infecciosa, causada principalmente por bactérias. Por volta de 50% das mulheres serão acometidas durante sua vida, já as que têm vida sexual ativa farão, no mínimo, 1 episódio a cada 2 anos. São recorrentes por apresentar 2 ou mais episódios em 6 meses ou 3 ou mais episódios ao ano.

A cistite recorrente tem características peculiares, podendo a sintomatologia ter variações. No entanto, a tríade sintomatológica mais importante é composta por disuria, polaciúria e urgência miccional, mas pode ocorrer dor supra púbica, urina turva ou ter coloração sanguinolenta. A cultura de urina é fundamental para o diagnóstico.

Uma das explicações é a aderência das fimbrias de enterobactérias patogênicas, pela adesividade no urotelio da bexiga, da vagina e da uretra. Além disto, fatores de âmbito genético, anatômicos, comportamental e biológico podem predispor a cistite recorrente. Fatores genéticos explicam um grupo de mulheres ter maior propensão, por exemplo.

Na cistite bacteriana aguda, trata-se de um quadro momentâneo e específico, muitas vezes, associado à relação sexual. Hábitos deficientes de higiene, urinários, sexuais, dietéticos, intestinais e reduzida ingestão de água são vinculados à cistite recorrente, além do uso de preservativos e espermicidas. A estase urinária, que também se constituiu num fator facilitador pode estar ligada ao hábito miccional. Em mulheres pós-menopausa, a redução estrogênica facilita a infecção, portanto indica-se o uso de estrogênio tópico.

A prevenção pode ser feita de diferentes formas, diferentes posologias e uma grande variedade de antibióticos. Ações de prevenção, incluem: aplicação tópica de estrogênio em mulheres pós-menopausa, que mostra eficácia na redução recorrências, a regularização do habito intestinal com dietas rica em fibras, a ingestão de 8 a 10 copos diários de água, e micção regular em intervalos de 3 horas em média. A micção antes e após a relação sexual é recomendação universal e a utilização de antimicrobianos, após atividade sexual é valida em determinados casos. O exame uroginecológico serve para detecção de anomalias anatômicas.

A profilaxia antimicrobiana prolongada para prevenção da cistite deve ser considerada após todas as tentativas mais conservadoras e seu uso deve ser precedido de cultura negativa. Em geral, a profilaxia é efetuada por meses, até anos, com dose reduzida de antimicrobianos, em torno de ¼ da dose usual e utilização diária. Estão em desenvolvimento vacinas contra diferentes tipos de adesinas, o que impediria a adesão das fimbrias da E. Coli.

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