A higiene oral tem como objetivo prevenir infecções endógenas e nosocomiais. No ambiente hospitalar, o procedimento deve ser realizado em pacientes internados acamados incapazes de realizarem a higienização.
A falta de higiene oral em pacientes acamados cria um ambiente propício para a proliferação de bactérias na cavidade bucal. A placa bacteriana acaba atuando como reservatório para a colonização das bactérias respiratórias, aumentando a incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica dentre outras.
Os serviços de cuidado domiciliar tendem a expandir-se atualmente. No Brasil, notou-se o crescimento desses serviços, principalmente, a partir da década de 1990. A demanda pela atenção em domicílio aumentou devido ao processo de envelhecimento populacional brasileiro, que tem provocado um incremento no número de pessoas idosas que sofrem de doenças crônico-degenerativas (Braga et al, 2016). Além do envelhecimento da população, a atenção domiciliar um setor que vem crescendo em países ocidentais em razão do aumento da incidência de patologias crônicas, da introdução de novas tecnologias e da pressão dos governos para conter os custos dos cuidados de saúde (Carello & Lanzarone, 2014).
Apesar de os idosos representarem maioria da população acamada, essa condição atinge todas as faixas etárias, em decorrência de doenças degenerativas ou acidentes. O Censo Demográfico de 2010 aponta que 3,6 milhões de pessoas no Brasil possuem grande dificuldade de locomoção. Esses números indicam a necessidade de os profissionais da Atenção Básica realizarem o cuidado domiciliar em suas rotinas de trabalho, de forma a garantir o acesso universal, equânime e integral a pessoas cujas deficiências dificultam o acesso a Unidade de Saúde (DE-Carli, 2015).
Como higienizar?
* Higienizar as mãos conforme recomendações da ANVISA e calçar as luvas de procedimento;
* Colocar o paciente na posição de fowler (se possível) ou em decúbito lateral;
* Colocar a toalha de rosto sob o queixo do paciente e protegendo a roupa de cama;
* Adaptar a cuba rim ao lado do queixo do paciente;
* Usar um abaixador de língua para abrir gentilmente a boca do paciente e deixe entre os dentes molares posteriores;
* Umedecer o swab ou a gaze com a solução antisséptica e proceder à limpeza dos dentes, gengivas, mucosas da bochecha e palato;
* Lavar a língua, usando a espátula ou o cotonete;
* Proceder à aspiração da cavidade bucal;
* Hidratar os lábios (se necessário);
* Deixar o paciente confortável;
* Providenciar a limpeza, a ordem do ambiente e do material;
* Retire as luvas e higienizar as mãos conforme recomendações da ANVISA;
* Anotar a assistência prestada.
Observações
* A frequência da higiene oral está relacionada com a necessidade do paciente. A avaliação da equipe de enfermagem e/ou odontológica determinará a frequência necessária para a higiene oral;
* A solução aquosa de digluconato de clorexidina a 0,12% deverá ser utilizada para a cada 12h após a realização da higiene oral;
* Inspecionar a cavidade oral, observando alterações na mucosa, na salivação, mobilidade dental, presença de cáries, sangramento, quantidade de dentes, edemas e presença de lesões. As alterações identificadas devem ser registradas e comunicadas a equipe de saúde (enfermeiro, médico e cirurgião dentista).
Os principais problemas de saúde bucal autorreferidos pelos pacientes acamados e apontados pelos cuidadores ajudam a compreender a real demanda de serviços odontológicos possibilitando oferecer um atendimento que respeite as prioridades dos indivíduos. É importante acrescentar que uma saúde bucal deficiente pode interferir na saúde geral do indivíduo, prolongando o tempo de recuperação ou agravando a enfermidade.