Entrevista Dr. Arthur Borges Martins de Souza

Dr. Arthur Borges Martins de Souza

Médico Neurocirurgião
CRM 52 737984
Graduado em Gestão Pública pelo Albert Einstein

Formado há mais de 20 anos pela Faculdade de Medicina de Campos, especialista em neurocirurgia há mais de 15 anos e graduado em Gestão Pública em Saúde pelo Albert Einstein, o médico campista Arthur Borges Martins de Souza, de 44 anos, tem hoje um dos grandes desafios de sua carreira. Ele é o presidente da Fundação Municipal de Saúde do município de Campos (FMS), que gera além das Unidades Pré-Hospitalares, os dois maiores hospitais da região, o Hospital Ferreira Machado (HFM), referência em atendimentos de urgência e emergência vermelha, onde também atua como superintendente, e o Hospital Geral de Guarus (HGG), que é referência em atendimento ambulatorial e emergência branca.

Arthur, tem no seu currículo a atuações no Hospital dos Servidores do Estado e Hospital do Andaraí, no Rio de Janeiro e no Hospital Público de Macaé (HPM). Casado com a Cirurgiã Pediátrica Alexandra Pinheiro, os médicos são pais de Gabriel de 7 anos.

SP – Além de ser Presidente da FMS e Superintendente do Hospital Ferreira Machado, você também é neurocirurgião. Como equilibrar essas funções?

ABMA – A Neurocirurgia é uma grande paixão, tanto que grande parte de minha vida e de minha formação foi diretamente relacionada ao aprendizado e a prática dessa especialidade, e atuando nessa área construí minha carreira e conquistei mais que pacientes, mas amigos para toda uma vida. Embora esse caminho já fosse suficiente como mecanismo de ajudar ao próximo, a Gestão Pública mostrou um caminho muito mais amplo, onde as medidas e decisões têm um impacto muito maior e onde é possível atuar com uma visão macro, coletiva e com base principal na Saúde Pública onde a maioria da população, principalmente, os mais carentes, têm sua assistência.


SP – Quais foram os principais avanços em sua administração a frente do HFM?

ABMA – Durante esse período na Gestão, não a direção, mas sim, todo o corpo de funcionários foi responsável por uma mudança na cultura organizacional do HFM. Houve a compreensão que muitas das mazelas necessitavam de correções na estrutura física do hospital, mas algumas delas precisavam de correções na estrutura emocional e pessoal. Esse foco mostrava mundos conflitantes, onde tínhamos corredores lotados, pacientes internados por meses no Pronto-Socorro e baixa produtividade. Por outro lado, o sonho de um local onde o paciente se sentisse acolhido e onde os funcionários tivessem condições de trabalho. A partir daí idealizamos um plano de ação com participação de múltiplos segmentos, com uma política de zero pacientes no corredor. A ausência de pacientes nos corredores há quase 2 anos é um símbolo do que a mudança da cultura organizacional pode fazer. “Pensamos raras vezes no que temos, mas sempre no que nos falta.” Essa frase de Schopenhouer sempre me faz pensar que por vezes temos que trabalhar soluções internas ao invés de focar no que não possuímos. Como não havia a possibilidade de um rápido aumento do quantitativo de leitos, o objetivo principal foi melhorar o processo. Entendemos que maior velocidade no diagnóstico e na definição da terapêutica representava maior impacto do que abertura de novos leitos. Consideramos essa a maior vitória, mas tivemos várias outras, como um novo aparelho de tomografia computadorizada, novos aparelhos de Ultrassonografia, Intensificadores de Imagem, aparelhos de Doppler, novos aparelhos de endoscopia e colonoscopia, aparelhos de anestesista, ventiladores mecânicos e monitores multiparâmetros, abertura de uma nova UTI pediátrica com 8 leitos, implantação de uma brinquedoteca.

SP – O parque tecnológico do Hospital Ferreira Machado foi totalmente renovado. De que forma tal investimento contribui para o atendimento da população?

ABMA – O Hospital Ferreira Machado é a principal referência em trauma da Região Norte e assim sendo, é a unidade que presta o atendimento hospitalar inicial de vítimas de acidentes em uma população de 700.000 pessoas. Passam pelo setor de politrauma do hospital em torno de 18.000 pessoas por ano e com esse alto volume há a real necessidade de 2 aparelhos de tomografia, 2 aparelhos de RX digitais e aparelho de ultrassonografia disponíveis 24 horas para atendimentos simultâneos em caso de múltiplas vítimas. Houve também, troca de todas camas e berços, disponibilização de cadeiras de acompanhantes e climatização em quase todas as enfermarias.


SP – Como funciona o Centro de Atendimento ao Adolescente e à Criança (CAAC), no HFM?

ABMA – O CAAC nasce de uma ideia do Ministério Público, na figura de promotora de justiça, Anik Assed, que em diversas reuniões nos mostrou a grande necessidade de um ambiente neutro para acolhimento de crianças vítimas de violência sexual. O grande objetivo é evitar a peregrinação dessas vítimas por diversos ambientes, tendo que em cada um deles reviver o que aconteceu, causando o fenômeno de revitimização. Através desse Centro de atendimento, conseguimos cumprir um dos pilares do SUS, a equidade, garantindo atendimento integral a populações em situação de vulnerabilidade social.


SP – Como foi possível inaugurar um novo setor de Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) no HFM, em apenas 3 dias?

ABMA – Nossa equipe faz um acompanhamento regular de dois indicadores muito importantes na Gestão em Saúde. A taxa média de ocupação e o tempo médio de permanência hospitalar. É usual no período de maio a julho, um aumento sazonal do número de doenças respiratórias principalmente em crianças, e assim sendo, já existe uma preparação para esse período. Porém, esse ano houve um comportamento atípico: início precoce dos quadros respiratórios, aumento do volume, diminuição da idade, com grande acometimento de lactentes inclusive em faixa neonatal e aumento da gravidade, com grande comprometimento pulmonar, levando a necessidade de mais internações, internações mais longas e com necessidade de cuidados intensivos. No dia 28 de abril, em uma reunião, vimos que com esse quadro descrito acima haveria colapso com falta de leitos pediátricos intensivos. Fizemos contato com o Prefeito Wladimir e com vice Frederico Paes e a decisão foi pela abertura de modo emergencial de uma nova UTI pediátrica de 8 leitos. Preparamos a rede de gases e da estrutura e com Recursos Humanos próprios da Secretaria de Saúde e da FMS, e assim, conseguimos inaugurar leitos em tempo recorde, a tempo de conseguir manter a assistência pediátrica, com um ambiente humanizado, com cadeiras reclináveis para acompanhamento dos familiares, e o mais importante, com uma equipe de excelência e todo corpo clínico do Hospital para suporte dos pequenos.

SP – O HFM vai ganhar um novo Pronto-Socorro?

ABMA – O prefeito Wladimir Garotinho e o vice-prefeito Frederico Paes, acompanhados do secretário de Estado de Saúde, Doutor Luizinho, deram início, no dia 13 de junho, à reforma e ampliação do novo Pronto-Socorro do Hospital Ferreira Machado (HFM). Os investimentos na ordem de R$15 milhões, provenientes de emendas parlamentares, possibilitarão um grande aumento no volume e qualidade dos atendimentos realizados pela unidade hospitalar. A obra é um marco da gestão da saúde e do governo.

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