Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
Hiponoterapeuta
Brasileira de Psicanálise

Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
Hiponoterapeuta
Brasileira de Psicanálise

Uma das cenas mais tristes de se presenciar no ambiente terapêutico é ver e ouvir alguém sentado diante de você, dizer que não deseja mais viver…que existe um buraco dentro dele e que ninguém é capaz de imaginar o tamanho…que já não suporta mais sofrer e que por mais que ele diga isso, ninguém acredita nele. Finalmente, de frente com aquele ser que sofre (olhar vazio) ouvir dele: quero acabar com tudo isso e pôr fim a minha vida!

É bom que se esclareça que quando estes pacientes chegam para as terapias já chegam diagnosticados, medicados por excelentes profissionais da psiquiatria, e com uso dos antidepressivos dos mais eficazes do mercado. 
É que a luta para vencer a depressão envolve mais do que medicação.  Envolve equipe multidisciplinar preparada, apoio familiar, e muitas vezes, internação. Na verdade é muito trabalho mesmo…
 Por mais que nós, profissionais da saúde mental, estejamos preparados para lidar com este quadro triste, é sempre muito desafiador. 

A depressão não é frescura, nem invenção, nem é de pessoas desocupadas e nem de pessoas com o corpo mole…ela é cruel e uma realidade triste. Por este motivo, a OMS considera o mal do século 21.

No mundo somam-se mais de 300 milhões de depressivos (pelo menos catalogados) e estima-se que este número atinja números muito maiores, e que cresce de forma absurda a cada ano. É também a causa principal dos suicídios no mundo. Mas os números não ficam somente por aí. De acordo com essa mesma Organização, é possível que a depressão seja, até 2030, a condição mais comum do mundo, mais ainda do que problemas cardíacos ou câncer.
O assunto é tão vasto, sério e profundo que existe uma gama enorme de livros, estudos, documentários, e até filmes…que abordam o tema e que podem ser vistos por todos. O objetivo de trazer o assunto aqui para este artigo é para chamar a atenção de todos para ele, é para entender que têm que ser abordado todos os dias e não somente no mês do setembro amarelo.

  Certamente, você conhece alguém que passou ou passa por esta doença ou talvez tenha sentido na própria alma a presença dela.

 Existe uma concordância geral ao afirmar que quanto mais se souber da depressão, mais rápido se poderá agir e tratar. Seguem alguns dos seus sinais: tristeza profunda e continuada sem causas aparentes; sentimento de um vazio por dentro; perda do prazer, mesmo para as coisas de que se gosta muito; diminuição da libido; vontade manifesta de ficar isolado; alteração no sono (perder, dormir demais ou acordar várias vezes…); baixo autoestima; forte sentimento de que não é mais útil e necessário na vida; apatia diante da vida; vontade constante de chorar; diminuição da capacidade de concentração e foco; e outras…

A OMS informa que a depressão é resultado de uma complexa interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos.
É claro também que não é um ou dois destes sinais acima  que vão revelar a presença da depressão, isso deverá servir apenas de um alerta para que através de uma conversa e de exames, o médico faça o diagnóstico, e  o quanto mais cedo possível, inicie o tratamento. A boa notícia é que a depressão tem cura.
Gostaria também de trazer aqui algumas reflexões a serem feitas: Por que os gráficos estatísticos de casos de depressão vêm crescendo de forma tão absurda? Será que isso tem a ver com a forma corrida e superficial das relações humanas? Será que a priorização de  objetos e bens  como foco de vida, em detrimento aos momentos de trocas de afetividades tem a ver com isso? Será que o tempo no mundo digital e a diminuição do tempo com pessoas de verdade tem nos levado a um mundo mais frio e de solidão, e esta solidão tem adoecido pessoas? Será que “a família, a célula mater da sociedade” conforme escreveu – Dr. Rui Barbosa está doente e doente adoeceu a sociedade?
São tantas as perguntas sem respostas… 

Mas talvez ao respondê-las tenhamos um Norte para se trabalhar, pois se não,  continuaremos tratando dos efeitos de uma doença que mata sem pedir licença.

Seja você esta passando por esta situação, procure ajuda. Se conhece alguém, seja você a ponte de ajuda para ajudar alguém.

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