Arthur Soffiati

Professor de história e eco-historiador
Mestrado e doutorado na UFRJ

Arthur Soffiati

Professor de história e eco-historiador
Mestrado e doutorado na UFRJ

Não há mais dúvidas na comunidade científica de que o clima está mudando em virtude das atividades humanas na superfície da Terra. As duas principais são: o desmatamento e a queima dos combustíveis fósseis. Por mais que o discurso de governantes e empresários esteja incorporando esta questão que já conta com 50 anos, as práticas mudam muito lentamente. Falar é fácil. Fazer é que é difícil. Mudaremos a tempo de evitar catástrofes climáticas, como ciclones, furacões e tufões? Chuvas diluvianas e secas saarianas? Incêndios colossais e prejuízos para pobres e ricos? Não podemos prever o futuro com exatidão, mas as perspectivas não são nada confortáveis.

Particularmente, o aumento das temperaturas médias do planeta pode causar que tipo de mudança no comportamento dos artrópodes? Antes da resposta, o que são artrópodes para o leitor leigo? Primeiramente, os artrópodes constituem um grande grupo de animais invertebrados muito conhecidos popularmente. Eles vivem em nossas casas e quase sempre são indesejados. Exemplos: baratas e formigas.

Artrópode é uma palavra derivada do grego artro (articulado) e podos (pé). Esse grupo animal é muito antigo (cerca de 600 milhões de anos) e, atualmente, se divide em cinco grupos: insetos (com três pares de patas), aracnídeos (com quatro pares de patas), crustáceos (com cinco pares de patas), quilópodes (com um par de patas em cada segmento do corpo) e diplópodes (com dois pares de patas em cada segmento do corpo).


Sendo o grupo mais numeroso dos animais, os artrópodes estão em todos os lugares do mundo e têm muito mais idade que os humanos. Eles chegaram primeiro. As abelhas, por exemplo, são fundamentais para a vida no planeta. Numa semana sem a atividade polinizadora das abelhas, a humanidade teria pouco tempo de vida. Por outro lado, existem muitos artrópodes vetores de doenças, como: os mosquitos, as moscas, os percevejos etc. Alguns produzem veneno que podem matar, como: aranhas e escorpiões. Outros são comestíveis, como camarões, siris, caranguejos e lagostas.


Em artigo anterior, tratamos de alguns insetos que podem transmitir patógenos e que se tornam mais perigosos para o ser humano com as mudanças climáticas. As chuvas torrenciais aumentam o acúmulo de água estagnada em muitos recipientes, sobretudo no lixo, e contribuem para a proliferação de mosquitos. As baratas adoram calor.
Tratemos hoje dos aracnídeos. Uma tempestade atípica provocou enchentes em Assuã, sul do Egito, em 2021. A cidade fica no deserto mais seco do mundo. O que a salva é erguer-se às margens do rio e contar com umidade do mar Vermelho. A chuva expulsou escorpiões de suas tocas. Eles fugiram para a cidade e picaram muitas pessoas. Várias morreram.


Em São Paulo, o número de picadas de escorpiões, em 2023, aumentou 22% em relação a 2021. Motivo: muita chuva e muito calor. Acrescente-se a estes fatores o lixo acumulado nas ruas e terrenos baldios, sobretudo madeira velha.
O carrapato é outro aracnídeo. Ele transmite a bactéria que causa a febre maculosa, muito mortal. A fêmea é que pica. Ela sobe pacientemente em pontos elevados. De lá, espera que um animal de sangue quente passe sob ela. Então, atira-se cegamente. Ela pode atacar também estando no meio da grama. Assim, transfere a bactéria causadora da doença da capivara para o humano. A população de capivaras cresce descontroladamente por falta de predadores naturais.


Crescimento das populações de carrapatos e de capivaras decorrem de mudanças ambientais.

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