O Diabetes Mellitus tipo 1 é um distúrbio metabólico caracterizado pela deficiência total na produção de insulina, resultando em níveis elevados de glicose no sangue.
O tratamento envolve a administração de insulina exógena, adoção de uma alimentação saudável, prática regular de atividade física, automonitoramento da glicose e educação em diabetes.
A criação da insulina, há cerca de 100 anos, foi um marco histórico na medicina, transformando o tratamento do diabetes tipo 1 e ampliando de forma significativa a qualidade e a expectativa de vida das pessoas com a condição. Desde então, a evolução tem sido constante. A insulina, que inicialmente era extraída do pâncreas de suínos ou bovinos, passou a ser produzida sinteticamente por meio da tecnologia de DNA recombinante, tornando-se idêntica à insulina humana. Mais tarde, surgiram os análogos de insulina, formulados para reproduzir de forma mais fiel o padrão natural de liberação do hormônio em indivíduos sem diabetes. Essas versões modernas oferecem absorção mais previsível, auxiliam no planejamento das refeições, reduzem o risco de hipoglicemias e ajudam a evitar o ganho excessivo de peso.
A forma de aplicação da insulina também passou por avanços importantes. As seringas de vidro, utilizadas no início, deram lugar às seringas descartáveis, e posteriormente às canetas aplicadoras, que trouxeram mais discrição, precisão e praticidade ao tratamento.
Outro grande salto tecnológico foi o desenvolvimento da bomba de infusão de insulina, um dispositivo eletrônico conectado ao corpo por meio de um cateter e uma cânula flexível inserida no tecido subcutâneo. Essa bomba libera microdoses contínuas de insulina, simulando o funcionamento fisiológico do pâncreas. De acordo com a última diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes, o uso da bomba é recomendado para todas as crianças com diabetes tipo 1 menores de 7 anos, já que essa faixa etária demanda doses muito pequenas e precisas, algo que o dispositivo proporciona com mais segurança, reduzindo o risco de hipoglicemias.
Além disso, os sensores de monitoramento contínuo de glicose representaram um avanço fundamental. Inseridos no subcutâneo, eles capturam dados glicêmicos e os transmitem para um aplicativo no smartphone, que por sua vez envia as informações para a nuvem. Essa tecnologia permite o acompanhamento em tempo real da glicose e conta com alarmes para hipoglicemia e hiperglicemia, prevenindo complicações graves, especialmente, em crianças pequenas, nas quais crises noturnas de hipoglicemia podem passar despercebidas. Estudos mostram que o uso de alarmes reduz de forma significativa a frequência e a duração de episódios de hipoglicemia, além de diminuir o tempo em hiperglicemia e melhorar indicadores como a hemoglobina glicada.
Ao olharmos para os últimos 100 anos e, em especial, para as últimas duas décadas, é evidente o quanto a tecnologia transformou o tratamento do diabetes tipo 1, trazendo mais segurança, controle e qualidade de vida. No entanto, o alto custo ainda impede que esses recursos estejam ao alcance de todos. É fundamental que políticas públicas garantam o acesso a essas tecnologias, pois evidências científicas mostram que seu uso reduz complicações e melhora de forma significativa a saúde das pessoas que vivem com diabetes.