

Dr. Charbell Kury
Médico Infectologista
CRM 52 760269
Formado pela FMC
Subsecretário de Vigilância em Saúde de Campos
Responsável técnico – Vacina Plinio Bacelar
Infectologista, Vacinologista, membro do departamento de Infectologia da SOPERJ

Dr. Charbell Kury
Médico Infectologista
CRM 52 760269
Formado pela FMC
Subsecretário de Vigilância em Saúde de Campos
Responsável técnico – Vacina Plinio Bacelar
Infectologista, Vacinologista, membro do departamento de Infectologia da SOPERJ

Volto a tocar em um assunto que, anos atrás, jamais imaginei que precisaria reforçar novamente: a importância da vacinação contra a gripe.
Entre os atendimentos pediátricos, a gripe já responde por cerca de 30% dos diagnósticos. Crianças com febre alta, tosse e cansaço estão, em grande parte, sofrendo os efeitos do vírus influenza. E o dado mais preocupante: aquelas que ainda não tomaram a vacina estão significativamente mais expostas. A verdade é simples e direta – sem vacina, a gripe é praticamente certa.
A vacina contra a gripe é, atualmente, a forma mais eficaz de prevenção. E entre os subtipos do vírus, o H1N1 – conhecido como gripe A – continua sendo um dos mais perigosos. Hoje, vemos idosos adoecendo, sendo internados, e unidades de terapia intensiva sendo montadas em locais improvisados apenas para tratar os casos mais graves da doença. Ainda assim, a adesão à vacinação permanece baixa.
Em Campos dos Goytacazes, os números são especialmente preocupantes. Ainda nem alcançamos 30% de cobertura vacinal entre os grupos-alvo, mesmo com o inverno batendo à porta. Isso significa que estamos entrando no período mais crítico do ano com uma proteção extremamente baixa. A consequência? Emergências lotadas, hospitais sobrecarregados e vidas em risco – muitas delas, infelizmente, de crianças.
É difícil entender o que leva tanta gente a não se proteger. A desinformação, espalhada por correntes de mensagens e redes sociais, parece ganhar mais credibilidade do que profissionais da saúde. Por anos e anos, a vacinação foi – e ainda é – a melhor estratégia para a prevenção da gripe. O que está acontecendo agora é uma inversão perigosa: a crença maior nas mentiras disseminadas pela internet do que na verdade científica.
Eu vou traduzir isso em dados concretos: nos últimos 14 dias, houve um aumento de 13% no número de isolamentos do vírus da gripe em todo o país. Isso representa uma explosão de novos casos, principalmente da gripe H1N1, que tem provocado um aumento real e trágico no número de mortes, especialmente entre gestantes, idosos e crianças. Crianças estão morrendo de gripe nas últimas semanas. Gestantes estão morrendo de gripe. E o ponto em comum entre elas? Não estavam vacinadas.
Quero fazer um apelo direto. Um adulto tem direito de escolha. Um idoso tem autonomia e o livre-arbítrio de decidir por si. Mas quando falamos de crianças, a responsabilidade é totalmente dos pais e responsáveis. Crianças não têm autonomia. Elas não podem ir sozinhas ao posto de saúde se vacinar. Dependem de quem as cuida. Por isso, é inaceitável que hesitem ou se omitam por escolhas pessoais baseadas em desinformação. Deixar de vacinar uma criança contra a gripe, em pleno 2025, com tudo o que a ciência já nos mostrou, é uma irresponsabilidade grave.
Falo com conhecimento de causa: tomei a vacina e estou passando por este inverno sem maiores problemas. Vacinar-se é um gesto de cuidado consigo mesmo e com o próximo. É um ato de responsabilidade. É, sobretudo, um ato de amor.