Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
SBP 1700 0073
Pós-graduação em Psicanálise e Análise do Contemporâneo na PUC/RS

Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
SBP 1700 0073
Pós-graduação em Psicanálise e Análise do Contemporâneo na PUC/RS

A expressão na nossa época era bem melhor! Este mundo de hoje está muito pior do que o que vivemos na infância são frases comuns e muito usadas pelos nossos pais, avós, bizavós…será que isso é só um saudosismo ou reflete pontos a serem considerados?

Historicamente, o homem se organizou e se criou em diversos sistemas diferentes, sistemas estes; políticos, econômicos, sociais, culturais e religiosos, etc…

Tivemos o tempo da completa hegemonia dos colonizadores que trouxeram a dizimação de povos primários, a escravidão dos negros, o desrespeito completo aos direitos da mulher. Os assassinatos não só de pessoas, mas também, de culturas, crenças religiosas…ou seja uma verdadeira selvageria dos mais fortes. Olhando por este aspecto, os tempos de ontem foram muito pior do que o de hoje. A questão que nos parece importante é que tudo isso acontecia de forma tão natural que não havia motivo para se denunciar.

Os conhecimentos foram se democratizando, as leis foram se adequando (lei do ventre livre, lei áurea, lei Maria da Penha, lei de proteção às crianças e aos idosos, etc…) e os mais fracos foram recebendo mais segurança. Os meios de comunicação foram se empoderando e denunciando em tempo real. Mas ainda há de se dizer: tem muita coisa errada acontecendo e que precisa ser discutida e corrigida.

Porém, do tempo da opressão total para os dias de hoje, onde a cultura do neoliberalismo patrocinada pela capital do poder houve um salto de extremos muito ruim. Pulamos do autoritarismo para um liberalismo exagerado. Ontem vivíamos uma estrutura vertical de respeito aos mais velhos, aos pais, professores, às religiões…hoje vivemos num mundo de relações horizontais onde filhos tiranizam pais, os professores são desrespeitados, e a própria religião questionada nas suas doutrinas. As teclas digitais de um celular empoderam e qualquer um se sente à vontade para escrever sobre tudo na maioria das vezes sem saber de nada, tudo para ganhar likes.

Impera hoje nesta sociedade traços fortes de um narcisismo com um forte slogan: “cada um para si e todos para me servir!”. A cultura neoliberalista incentiva o uso da vivência de um mundo imagético, de aparências onde é mais importante mostrar onde e o que se está fazendo do que propriamente viver as experiências.

Uma jovem caiu do alto de uma cachoeira linda quando tentava postar um vídeo no seu instagram de que estava feliz da vida…ela morreu.

Muito diferente da clínica Freudiana com suas(seus) pacientes histéricas(os) e a presença das neuroses por recalques, a clínica psicanalítica de hoje traz os clientes com transtornos de bordas, TDA, TDHA…e a presença constante de clientes com sistemas de filtros de elaborações quase inexistentes e com forte vazio existencial. Isso representa o reflexo de um eu que se forma a partir da relação com este mundo pós-moderno: excitante, e ao mesmo tempo, vazio.

Passou há muito tempo, o tempo do ser humano se voltar a olhar, a estabelecer novas conexões com sua psiquê (alma) e vivenciar uma cultura onde haja afetividade, amor, solidariedade, respeito.

E fica aqui um lembrete do saudoso compositor e poeta brasileiro Geraldo Vandré na canção “Para não dizer que não falei das flores”:

Os amores na mente, as flores no chão

A certeza na frente, a história na mão

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

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