Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
Hiponoterapeuta
Brasileira de Psicanálise

Evaldo Rodrigues A. Jr

Psicanalista Clínico
Hiponoterapeuta
Brasileira de Psicanálise

A clinica psicanalítica, é um verdadeiro laboratório de aprendizagem contínua e de troca entre o psicanalista e o analisando.

Todos os dias há um mundo novo a se descortinar de descobertas e novos olhares sobre o si mesmo.

Trago hoje um assunto dos mais importantes para se trabalhar e que embora bastante publicado na literatura clássica da psicologia e da psicanálise, quando não bem vivido, traz consequências enormes em termos de transtornos tanto psicológicos quanto patológicos. Falo da importância de se viver o luto, de forma correta e completa. Falo da importância de não se privar ninguém nem mesmo as crianças e adolescentes do aprendizado do sofrimento.

Para enriquecer o assunto, trago um caso clínico que ocorreu no meu percurso profissional.

Para ser publicado aqui será transformado em um conto livre de forma que possa preservar qualquer identificação. Portanto, o conto se trata de personagens e descrição livre.

A cliente chega a sessão e logo após os cumprimentos iniciais, já no divã do consultório, inicia sua fala livre:

— Você nem imagina o que aconteceu esta semana!?

Lembra daquele cachorrinho que te falei que comprei para minha filha de 6 anos. Pois é, ele sumiu, fugiu, foi roubado ou sei lá…

Fiquei imaginando como minha filha reagiria quando soubesse do ocorrido, e então, aproveitando o período em que ela estava na creche, corri na mesma loja e comprei outro igualzinho.

Graças a Deus deu tudo certo, ela chegou e nem percebeu. Pronto tudo resolvido!

Disse então àquela mãe:

— Tudo resolvido como?

A mãe respondeu:

— Tudo resolvido, pois minha menina não vai mais sofrer a perda.

Então fiz um silêncio e respondi:

— Nada resolvido e tudo ficou complicado agora, pois, mais cedo ou mais tarde ela vai saber da verdade e vai saber que você mentiu para ela. No mais, você tirou uma grande oportunidade de sua filha viver a primeira experiência da dor da separação do luto.

É aprendendo a viver as pequenas dores das perdas que nos preparamos para as grandes perdas que a vida vai nos dar.

É claro, que num primeiro momento, os pais pensam que tirar a dor, decepção, frustração…dos filhos sejam o melhor caminho a seguir. Mas isso é um grande erro no processo de formação do psiquismo da criança ou adolescente.

O sofrimento, as decepções, as frustrações, as dores…fazem parte da vida e precisam ser vividos nas fases da vida, para que tenhamos adultos fortes e maduros. Os pais devem dar suporte e apoiar, mas, nunca extrair este aprendizado.

Uma das grandes mentiras que é vendida pelo mundo contemporâneo é o conceito de que a felicidade é ausência de privações, dores…as propagandas, os filmes mostram sempre famílias sorridentes, cercadas de conforto. Os status das redes sociais sempre mostram pessoas sorridentes, em locais lindos. O sucesso, a beleza, o conforto, a saúde…aparecem nas fotos e em cenários maravilhosos. Mas esta não é a realidade da vida humana.

“Uma vida rica não é uma vida isenta de problemas, mas sim, uma vida rica de enfrentamentos e aprendizados”.

Que nossos filhos aprendam a assumir seus BO da vida, para desenvolverem responsabilidade. Assim, teremos seres humanos corretos, coerentes e respeitados pelo que são e não pelo que têm.

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