Dra. Alana Camargo
CRMV 14 106/RJ
Especializada em anatomia patológica pela UFF
Mestre em ciências veterinárias pela UFES
Dra. Alana Camargo
Médica Veterinária
CRMV 14 106/RJ
Especializada em anatomia patológica pela UFF
Mestre em ciências veterinárias pela UFES
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril, aguda e de gravidade variável. É causada por bactérias do gênero rickettsia, e sua transmissão ocorre através da picada de carrapatos do gênero amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela, contaminados.
De caráter zoonótico, a febre maculosa tem grande importância no sudeste brasileiro, onde se concentra o maior número de casos, sendo considerada endêmica na região. No Brasil, a rickettsia é a responsável pela Febre Maculosa Brasileira (FMB), que apresenta sintomas mais graves e quadro clínico mais sensível, comum na região sudeste. Já a rickettsia parkeri possui um quadro clínico mais leve, e é comum em toda região de Mata Atlântica.
O carrapato – artrópode possui um ciclo de vida trioxêno, precisa de três hospedeiros para completá-lo, o que possibilita a maior chance de infecção dos hospedeiros e a disseminação da doença. O maior risco de infecção humana ocorre na fase larval do parasita, onde este é de difícil visualização e sua picada é pouco percebida, porém, a transmissão pode ocorrer durante outras fases desde que haja o repasto sanguíneo.
A doença apresenta sintomas inespecíficos, como: dor, febre, mal-estar, vômitos, e que podem evoluir para um quadro clínico mais grave, incluindo: hemorragias, necrose de extremidades, aparecimento de máculas pelo corpo, miocardite e insuficiência renal. Os sintomas, se não tratados com rapidez, evoluem e a taxa de letalidade cresce exponencialmente, chegando a 80%. Logo, o diagnóstico deve ser preciso, rápido e eficaz, utilizando de métodos adequados para diagnósticos diferenciais, como:
* Leptospirose;
* Febre amarela;
* E dengue.
Alguns animais realizam um papel importante no ciclo de transmissão da febre maculosa: cães, cavalos e, principalmente, a capivara. A capivara é um importante reservatório para a febre maculosa, e a urbanização cada vez mais presente nas cidades do sudeste aumenta o contato entre esses animais e a população. São comuns os casos de aparecimento desses animais em lugares inusitados e totalmente fora do seu habitat natural. Além disso, cavalos e cães são importantes sentinelas, que funcionam como uma ponte de transmissão entre os carrapatos contaminados no ambiente e os tutores ou pessoas que tenham contato com esses animais.
A febre maculosa é de notificação obrigatória no país, no último ano (2023), foram notificados 60 casos da doença no Brasil, sendo que 80% se concentravam nas regiões Sul e, principalmente, Sudeste. Também se observa uma relação da ocorrência de casos com a sazonalidade: um aumento expressivo no número de casos entre os meses de maio a novembro, época de maior ocorrência das ninfas. Ainda assim, a febre maculosa é sub-diagnosticada, por conta de seus sinais inespecíficos e a falta de informação a população. Diante dessa problemática, se faz necessária a dispersão de informações necessárias sobre a doença para alertar a população além de organizar e analisar dados a respeito da incidência da doença na região sudeste do Brasil.