Talvez o leitor
nunca tenha ouvido falar dessa palavra: retinoblastoma.
Porém, nos últimos meses, esse tumor dos olhos ganhou “a boca do povo“ em
decorrência de uma família de jornalistas da TV revelarem que sua filha tem
essa doença. Então, vamos tentar aqui falar um pouco mais sobre isso.
O retinoblastoma é um “tumor da retina” (parte nervosa
dos nossos olhos) bem raro, ocorrendo em uma criança para cada 18.000 nascidas
vivas, sendo no entanto, o “tumor maligno” mais comum na infância.

Em países mais
desenvolvidos, a sobrevida chega a 95% quando do diagnóstico precoce. Já em
países mais pobres, o retardo do diagnóstico pode ser fatal.
O diagnóstico
tardio, além de por em risco os olhos, que muitas vezes têm que ser totalmente
retirado, pode causar metástases (espalhamento) para outros órgãos através do
nervo ótico, como para o cérebro, pulmões e ossos.
O fator genético
nem sempre está presente, mas pode ocorrer. Quando alguém da família teve esse tumor
na infância, os riscos de alguém ter o mesmo problema sobem para 40%. Quando há
hereditariedade, as chances de se desenvolver o retinoblastoma
nos dois olhos aumenta consideravelmente.
No caso de uma
criança desenvolver retinoblastoma não
hereditário, na maioria dos casos, ele surge em apenas um dos olhos.
Aspectos clínicos:
• Reflexo pupilar branco é o sinal mais importante. Por isso, é fundamental
fotografar os bebês com flashes ativados;
• Olhos
desviados (estrabismo) é o segundo sinal mais comum;
• Olho vermelho
doloroso é menos comum, mas não menos importante.
Diagnóstico:
• O teste do olhinho é um exame simples, indolor e pode ser feito na maternidade
pelo próprio pediatra que encaminhará ao oftalmologista em caso de suspeita;
• Exame sob anestesia
em crianças mais velhas pode ser necessário;
• Ultrassonografia
ocular;
• Tomografia
computadorizada e ressonância magnética podem ser usadas a critério do
oftalmologista, já que são exames radioativos;
• Avaliação
sistêmica que inclui exames de imagem e scans ósseos em caso de metástases e
análises por exames histopatológicos.
Tratamento
O tratamento é
multidisciplinar. Vai incluir o oftalmologista, oncologista, patologista,
outros profissionais de saúde e, claro, os pais, já que o tratamento é altamente
individualizado.
A quimioterapia é
o pilar fundamental no tratamento do retinoblastoma.
A infusão seletiva de quimioterápico na artéria oftálmica tem mostrado
resultados excelentes. Além dessa, há também o uso de quimioterápicos
sistêmicos em ciclos, de acordo como retinoblastoma.
A termoterapia
transpupilar pode ser usada antes ou após a quimioterapia aumentando a eficácia
da quimioterapia. Também pode ser usado a crioterapia e braquiterapia.
A extirpação do
tumor por cirurgia é indicada em casos de glaucoma, infiltração profunda do
tumor, invasão do nervo ótico ou se ocupar mais da metade do vítreo.
Em casos de
extensão para outros órgãos, a enucleação é feita e a quimioterapia realizada
logo a seguir por pelo menos 6 meses.
Apesar de raro, o retinoblastoma é sempre
uma preocupação para os oftalmologistas e os pais. Por esse motivo, a prevenção
é o melhor remédio. Além do teste do olhinho feito na maternidade, os pais
devem levar seus filhos à primeira consulta oftalmológica ainda no primeiro ano
de vida. As consultas anuais sempre são importantes, mesmo que não haja
sintomas. A partir dos cinco anos, quando a criança começa a ser alfabetizada,
a ida ao oftalmologista é mandatório.