Lembro-me
ainda das minhas dúvidas, sobre sexualidade, quando era criança e adolescente.
Na 4ª série primária, observei no meu livro didático, “Infância Brasileira”,
desenhos, muito bem elaborados, dos “aparelhos” do corpo humano. Aparelhos
respiratório, circulatório, digestivo, músculo esquelético, sistema nervoso. O
que me chamou atenção foi o urinário. A figura dele mostrava os rins, ureteres,
bexiga e uma minúscula uretra. Não havia menção, sequer, a reprodução humana.
Perguntei à professora se aquele aparelho urinário era de menino ou menina. Ela
me disse são iguais. Questionei, porém, dizendo que menino tinha peru e a
menina não, e, a figura não mostrava isto. Ganhei um doído cascudo e uma
enérgica reprimenda. No ginásio, nunca meus professores de ciências tocaram no
assunto reprodução humana. Somente no curso científico fui aprender e reparar
as minhas dúvidas reprimidas.
Na década de 70, acadêmico de medicina,
passei a ministrar aulas, como professor de Biologia da ETFC, hoje IFF. Meus
educandos, grande maioria de adolescentes, também careciam de conhecimentos
básicos sobre reprodução humana. As perguntas sobre sexualidade durante e após
as aulas eram muito frequentes.
Atendendo na rede pública, privada e
consultório sentimos a explosão de gravidezes indesejadas, DST, uso e abuso de
drogas ilícitas e lícitas. Os colégios sentiram a necessidade de discutir com
os pais e educandos esta problemática. Recebíamos convites para realizar
palestras nos colégios e faculdade formadoras de professores. Diante da pressão
da demanda e da impossibilidade de atender a todos, criamos o GOA – Grupo de
Orientação ao Adolescente. Convidamos para compor este grupo: psicóloga,
assistente social, psicopedagoga, médicos e educadores de várias disciplinas.
Consideramos
que a adolescência é o período que compreende a passagem da pessoa da infância
para a idade adulta. Para a OMS, a adolescência
começa aos 10 anos e estende-se até aos 19 anos, 11 meses e 29 dias. Trata-se
de uma fase de vida de transição biopsicossocial, com transformações biológicas
em busca de seu papel social, determinado pelos padrões culturais do seu meio e
influências culturais diversas.
Em pesquisas realizadas por nós com
adolescentes, educadores e pais, concluímos que: poucos pais dialogam com seus
filhos sobre sexualidade, os educadores não se julgam preparados para abordar o
assunto e os adolescentes acabam aprendendo absurdos na rua, com terceiros.
Estamos certos, no entanto, que a educação sexual é fundamental, pois assim,
estaremos diminuindo consideravelmente os casos de gravidezes indesejadas,
abortos, DST, uso e abuso de drogas, delinquência, distúrbios psicológicos,
inadequações sexuais, abuso sexual e preconceitos diversos.
• A busca de si mesmo: quem sou eu? Como vai ser? Que vou ser? São
perguntas que ecoam na cabeça destes passageiros.
• A mudança do corpo: olhadelas constantes no espelho. Desperta
a vaidade e também preconceitos.
• A tendência grupal: é típica nesta fase de vida, transferem o
sentimento de dependência em relação aos pais para o grupo de escolha.
• Justiceiros sociais: sonham com um mundo mais justo com
igualdade social e a felicidade geral da nação.
• Polêmicos: a permeabilidade
da sua personalidade que busca o caminho da sua verdade diante da imprevisibilidade
da vida o leva ao contraditório, a mudança de pensamentos frequentemente, isto
faz parte da aprendizagem. * Humor lábil: vibra
quando algo de bom acontece, e diante de um insucesso, aborrece e fica
profundamente deprimido.
• Religião:
pode viver conflituosamente com sua religiosidade. Busca com a racionalidade
explicações, e, isto pode abalar a sua fé.
• A evolução sexual: sem citar as transformações corporais, já
tão conhecidas vamos nos ater ao erotismo. No jovem, a ereção peniana vai ficando
mais frequente e tocar este órgão passa ser mais prazeroso. Vem a primeira
polução, geralmente à noite e durante um sonho erótico. Dá sequência as suas
fantasias eróticas e as atividades masturbatórias. Na jovem chega a tão
esperada menarca o que marca a entrada da mulher na fase de menacme. Embora já
existisse prazer em tocar seus genitais e imaginar coisas, agora fica mais
prazeroso com umidificação vaginal e reações mamárias mais acentuadas. O
auto-erotismo até então embalado pela fantasia da imaginação vai abrindo espaço
para a busca de um parceiro e contatos mais íntimos e menos solitários.
É muito importante que antes de tudo
isto acontecer que os pais procurem, inicialmente, o(a) pediatra ou o(a)
pediatra e hebiatra para acompanhar estes adolescentes.