É
nítida a mudança de hábitos alimentares que ocorreu nas últimas décadas. Os
alimentos naturais e indispensáveis à saúde foram sendo substituídos por
alimentos industrializados, gordurosos, ricos em açúcar e carentes de fibras.
As desculpas são variadas, cada pessoa e cada momento têm um motivo para a
substituição do saudável pelo mais fácil. A mulher inserida no mercado de
trabalho, a busca por praticidade e a falta de tempo são apenas algumas delas.
Esses maus hábitos alimentares, hoje tão presentes na
população de maneira geral, acarretam uma diminuição das reservas orgânicas causando
deficiências de micronutrientes (ferro, cálcio, selênio, zinco, etc). Esta é a
chamada fome oculta ou deficiência
marginal, a carência não explícita de um ou
mais micronutrientes no organismo. No
início, é difícil de ser notada, pois os estoques de vitaminas e minerais diminuem em
silêncio, sem sinais nem sintomas. Mas, com
o agravamento do quadro, os sintomas característicos da deficiência nutricional
aparecem já transformados em doenças como osteoporose, câncer, problemas
cardiovasculares, etc. Isso, porque essas carências dificultam o funcionamento
adequado do metabolismo.
“A fome oculta é uma fome silenciosa,
porque não se sente, ela não se manifesta. É a necessidade de protetores
nutricionais que não estão chegando, porque a gente não está comendo tudo isso”
(Rebeca de Angelis - especialista em nutrição - USP).
A frase conhecida, “Quantidade não significa
qualidade!”, se aplica bem quando falamos de alimentação. Se os alimentos
consumidos não fornecem os nutrientes necessários ao organismo, o indivíduo não
está bem nutrido, mesmo que tenha ingerido toda energia (calorias) necessária
para desenvolver suas atividades diárias. É aqui que se encaixa o exemplo
daquele colega obeso, mas anêmico. A fome oculta pode atingir tanto pessoas com
peso adequado, quanto obesas, e pertencentes a qualquer classe social. O
problema pode estar escondido por uma normalidade aparente ou exageros. E ainda
é pior quando além de não comermos o que é necessário, consumimos excesso do
que não é preciso.
Para prevenir a fome oculta, apenas é
preciso uma alimentação saudável e variada! Evitar gordura saturada, açúcar e
aumentar o consumo de frutas e hortaliças é uma ótima mudança! Uma questão
importante é esquecer as dietas emagrecedoras restritivas, onde um bom exemplo
é a dieta da sopa. Com essas dietas, não há nutrição completa, podendo iniciar
o desenvolvimento de carências nutricionais. A melhor opção é adotar as leis da
alimentação: quantidade, qualidade, harmonia e adequação!